"Não pense que eu não desejei,
Não diga que eu não quis,
É só que eu me assustei ao me ver tão feliz"
Sempre há algo que tememos em nossas vidas. Isso pode ser do mais simples, como medo de aranhas ou do escuro, ou de coisas estranhas, como medo de palhaços ou de borboletas. Alguns tem medo da solidão, outros da pobreza, alguns temem a morte e muitos parecem temer a própria vida.
Em alguns casos o medo é algo até bom, salva nossas vidas muitas vezes, nos impede de fazer muita coisa estúpida, problema é quando ele toma conta de nossas vidas, é quando ao invés de fazermos algo com cautela, deixamos de fazer algo importante pra não corrermos nenhum risco.
Mas o que considero mais perigoso é o medo da felicidade. Por mais contraditório que possa parecer, ser feliz é o que mais causa temor em algumas pessoas.
São estas pessoas que buscam, lutam por alguma coisa e quando conseguem, não sabem o que fazer com ela.
São aquelas pessoas que sabem exatamente quem as faz ficar bem e fogem delas como se fossem fantasmas. Já vi isso algumas vezes, já vivi isso outras tantas. Tanto, que da última vez eu previ exatamente o que aconteceria, antes mesmo que reatar certos laços, já pude avisar, "vamos viver tudo que há de bom nisso, mesmo sabendo que quando não tiver como ficarmos melhores juntos, tu vai sumir de novo, vai fugir", dito e feito.
Mas afinal o que dificulta tanto? Por que buscar a felicidade acaba sendo mais fácil do que tê-la em mãos?
Talvez seja medo de que a vida esteja em seu clímax ali e não tenha nada de melhor depois, nenhum motivo pelo qual lutar. Não é assim, a vida traz desafios todos os dias, sempre há outros aspectos a serem melhorados. Conseguiu ser feliz no amor? Ainda tem o trabalho. Alcançou o cargo que tanto sonhava? Ainda tem a família, ainda tem nossa evolução, nossa espiritualidade. Sempre vai ter com o que se preocupar, e mais ainda, sempre vai ter como melhorar.
Se não for medo, mas a impressão de que se temos algo tão bom ali, talvez haja algo melhor ainda lá fora, tudo bem, talvez haja mesmo. Mas depois de testar isso uma, duas vezes, acho que já chega. Talvez seja o melhor pra outra pessoa, mas, por mais impressionante que seja, na maioria das vezes o que é melhor pra nós já está em nossas mãos. Dá pra exemplificar isso bem fácil: Uma Ferrari com certeza é melhor que um Gol, mas se não tivermos como bancar a manutenção dela, vai acabar se tornando um problema e assim o carro popular vai ser perfeito. Pode ter pessoas mais bonitas lá fora, mas que não gostam das mesmas coisas que você, pode ser mais fácil estar com essa ou aquela pessoa, mas ela nunca vai te fazer sentir o que aquele ser inconstante que você tanto adora faz.
Já ouvi que é medo do desconhecido, de não saber lidar com aquela situação. Mas é felicidade! A gente percebe que é ela, a tal da felicidade, justamente quando é simples, justamente quando não se precisa de rótulos, quando a necessidade de explicar é quase insignificante diante da paz que estamos sentindo. Ser feliz é fácil, é só nos permitirmos.
Chega uma hora que temos que acreditar. Podemos ser felizes, é possível, é permitido, é pra isso que estamos aqui.
O melhor pra nós é aquilo que nos faz bem, por mais estranho que seja, por mais difícil que seja.
Será que não é hora de encarar? Será que não é agora a nossa vez?